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Tudo que um Pai deve saber sobre Amamentação

Foto do escritor: Tarsila LeãoTarsila Leão

Mudanças familiares, sociais e culturais estão ocorrendo e a função paterna está ganhando novas perspectivas. O cuidar deixa de ser função exclusiva da mulher e os homens estão cada vez mais tendo uma participação ativa no que diz respeito ao desenvolvimento emocional, afetivos e de educação dos filhos. Com o resgate do parto natural, muitos pais estão buscando mais informações e se envolvendo mais no processo desde a gestação.

Um estudo da Escola de Psicologia do Minho (UMinho) concluiu que essa participação ativa desde o trabalho de parto e parto (ex. cortar o cordão umbilical do filho ao nascer) favorece a vinculação entre pais e filhos. Nogueira e Ferreira (2012) também demonstraram em seu estudo que quando os profissionais de saúde promovem esse envolvimento do pai desde a gestação até o parto, os pais conseguem estabelecer uma melhor ligação afetiva com seus bebês. Outros estudos também demosntram que os níveis de prolactina e ocitocina aumentam não só nas mulheres, mas também nos homens, o que melhora as habilidades paternas, tanto nas brincadeiras como na comunicação com os filhos).

Nesse momento você deve estar pensando: mas o texto é sobre amamentação ou parto? Pois é, uma das primeiras informações que um pai deve saber é que um bebê que nasce de uma cesárea eletiva (com dia e horário marcado) pode ter mais dificuldades na amamentação do que aquele que nasceu de parto ou cesárea intraparto. Isso porque o corpo da mulher se prepara para a ejeção do leite, assim como o bebê também fica mais ativo quando passa pelo processo natural de nascimento. Por isso, você que é pai, busque informações sobre parto humanizado, e colabore para o processo de empoderamento de sua companheira!

Então, pai, é importante que você saiba que logo que seu bebê nascer, sua companheira irá atingir um pico de ocitocina e se você favorecer o contato pele a pele entre eles nesse momento (conhecido como Hora Dourada) a chance do seu bebê mamar por mais tempo de forma exclusiva irá aumentar (Mikiel-Kostyra, 2002)! Hoje a Organização Mundial de Saúde recomenda que os bebês sejam amamentados de forma exclusiva (sem água, chás...) até o sexto mês e continuada até dois anos ou mais! Será que você consegue contribuir para um aumento dessas taxas? Precisamos elevar as taxas, pois o Brasil tem uma média de 54 dias de aleitamento exclusivo. Assim, mesmo quando vocês pais ficam com seus bebês, mas eles são separados das mães nessa primeira hora, o reflexo de sucção já pode sofrer prejuízos.

Outra questão importante é entender a capacidade gástrica do bebê, você sabia que o volume do estômago de um recém-nascido no primeiro dia de vida é em torno de 5-7ml? Isso pode acalmar o coração de um pai quando vê aquelas gotas de colostro nos primeiros dias, ou quando vê seu bebê querer mamar com tanta frequência. Esse é outro ponto também importante: a frequência das mamadas. Pois as mamas de sua companheira não são um depósito de leite, mas uma fábrica, a qual só funciona por demanda, assim, quanto mais seu bebê mamar, mais leite ela produzirá!

E para que tudo isso flua bem a mulher precisa estar relaxada, emocionalmente equilibrada e bem nutrida e hidratada também. Ajudas práticas como arrumação da casa, preparação dos alimentos, cuidados com filhos mais velho/ animais de estimação são funções que precisam ser compartilhadas. Anote essa dica: antes de sua companheira começar a amamentar lhe ofereça um suco ou copo d’água e lhe faça uma massagem nas costas, essa massagem pode facilitar a liberação de ocitocina, o que ajuda na ejeção do leite posterior.

Muitos pais, numa tentativa de ajudar a mulher a descansar, propõem dar uma mamadeira de leite artificial durante a madrugada para que mães e bebês durmam mais. Como vemos frequentemente essa prática, precisamos alertar vocês sobre duas questões importantes: qualquer tipo de bico artificial favorece o desmame e, é durante a noite/ madrugada que a mulher mais produz leite (a hipófise produz mais prolactina à noite)!. Assim, você pode repensar sobre esse tipo de “ajuda”. Mas o que fazer para colaborar e evitar o desgaste de sua companheira? Ofereça seu colo para segurar o bebê após as mamadas, colocar o bebê para dormir ou trocar a fralda, assim ela terá mais tempo para descansar ou se alimentar.

Hoje há muitos cursos nos quais os homens podem participar de forma prática e aprender sobre os cuidados básicos com o bebê, mas busquem, sempre que possível, cursos mais personalizados também, nos quais vocês se sintam mais a vontade para perguntar o que quiser! Uma dúvida frequente, mas pouco exposta é sobre a sexualidade. Já ouvimos falar que a mulher que amamenta pode ter uma queda na libido, mas e os homens, o que acontece? Um estudo da National Academy of Cience demonsntrou que os homens têm uma redução significativa da testosterona e aumento da prolactina quando tornam-se pais, o que ajuda a serem menos agressivos, mais sensíveis, além de também diminuir a libido! Assim, os homens que participam mais desse processo de cuidado, e entende a importância da amamentação, também terá um equilíbrio do seu apetite sexual que se ajustará com o da mulher que amamenta.

Por fim, vemos que muitos estudos demonstram que essa participação ativa dos pais no processo de amamentação colaboram para o sucesso e um maior tempo de aleitamento. Vamos assim construindo uma cultura em prol da valorização da paternidade!

A Hora do Mamaço Salvador
Palestra sobre Amamentação


Tarsila Leão

tarsila@amama.com.br

Referências:

www.aleitamento.com

Lúcia Vaz de Campos Moreira, Elaine Pedreira Rabinovich e Patrícia Carla Silva do Vale Zucoloto (org.) Paternidade na Sociedade Contemporânea – O Envolvimento Paterno e as Mudanças na Família. Curitiba: Juruá, 2016.350p.

Nogueira, João Rui Duarte Farias, & Ferreira, Manuela. (2012). O envolvimento do pai na gravidez/parto e a ligação emocional com o bebé. Revista de Enfermagem Referência, serIII(8), 57-66. https://dx.doi.org/10.12707/RIII1214

 
 
 
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