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Brincadeiras Sensoriais

Foto do escritor: Tarsila LeãoTarsila Leão

Essa semana vamos conversar um pouco sobre as brincadeiras sensoriais. Como os bebês e crianças brincam? Como se desenvolvem? Qual a importância de experimentar atividades sensoriais?

Crédito fotográfico: Andre Fernandes

Crédito fotográfico: Andre Fernandes - Imagem cedida pela Casa da Infância

Os bebês e crianças se desenvolvem e aprendem através de brincadeiras. São bons observadores, capazes de imitar e extremamente persistentes para alcançar um objetivo. Por outro lado, se cansam facilmente ou perdem o interesse quando a brincadeira é repetitiva ou inadequada.

Quando o bebê nasce, muitas famílias acham que eles não podem e não sabem brincar, ou não sabem quais jogos podem fazer com os “pequenos”. É importante lembrar, que desde o útero, o bebê já se movimenta, alterna períodos de sono e despertar, e começa a ter experiências sensoriais. Os sentidos vão se desenvolvendo com o passar das semanas de gestação, incluindo tato, audição, gustação… Quando o bebê nasce, toda a família precisa se adaptar a nova rotina, e o recém-nascido precisa se acostumar com o ambiente extrauterino. Há luminosidade, ruídos, cheiros e sabores, e são diversas mudanças para aquele ser ainda imaturo, mas que é capaz de acolher estímulos interessantes, desde que adequados para cada faixa etária.

É importante lembrar que, cada bebê tem suas particularidades e preferências, e algumas brincadeiras sensoriais podem ser bem ou mal toleradas por cada um. Essa aceitação pode ser influenciada pelo momento, se o bebê está tranquilo, estressado, com sono, fome, ou pode refletir algum tipo de resposta inadequada para um certo tipo de estímulo, que pode variar entre hipersensibilidade ou falta de resposta a ele. O momento de brincar com o bebê precisa ser bem escolhido, pois para ser proveitoso e gerar aprendizado, a criança precisa estar confortável, atenta e motivada. A brincadeira oferecida e o ambiente também são essenciais, e precisam ser adequados e seguros. À medida que vão crescendo e ficando mais independentes, passam a explorar e escolher com mais facilidade, e os pais podem observar mais e intervir menos, deixando que a criança faça suas descobertas.

Durante todo o desenvolvimento neurológico, o bebê vai apresentar reflexos, alguns vão surgindo, outros deixando de existir, até que a movimentação se torna principalmente voluntária e intencional. Até os 3 meses, os bebês estão aprendendo a se movimentar contra a gravidade, e seus sentidos estão aprendendo a se regular. Sua visão nítida é de curto alcance, e existe preferência por cores contrastantes, como branco e preto. Nesta fase, o ideal é brincar com a criança através das expressões faciais, com ela a cerca de 30 cm de distância do rosto do cuidador. A fixação do olhar é mais precisa nos olhos do cuidador, devido à coloração dos mesmos. Móbiles também são bons estimuladores da visão e audição, principalmente quando existem cores ou formas com contraste.

Brincadeiras com experiências táteis também podem ser feitas nessa fase, oferecendo brinquedos com diferentes texturas (plástica, tecido mais áspero, tecido mais liso), permitindo que a criança toque a face do cuidador, que por vezes tem barba, os cabelos, as roupas, e seu próprio corpo. O momento do banho fornece a experiência tátil do contato com a água, além do momento de ensaboar, e pode ser bastante divertido também. Permitir que a criança possa se movimentar livremente, na cama ou tapetes de atividades, vai favorecer para que conheça os limites do seu corpo e quais os movimentos que consegue realizar, bem como deixá-las de barriga para baixo (sempre sob supervisão e quando acordadas) fornecerá possibilidades de se movimentar colocando peso na barriga, no tórax e nos braços, ajudando a equilibrar e fortalecer os músculos do pescoço. Ninar ou balançar o bebê é uma ótima fonte de estímulo vestibular – pode ser calmante ou estimulante – e a audição será estimulada quando conversamos e cantamos, sendo que o bebê começa a reconhecer as vozes que ele já escutava no útero, ou oferecemos brinquedos que produzem barulho, como os chocalhos.

Com os passar dos meses, os bebês vão ganhando habilidades, aguçando a curiosidade e buscando novos desafios, portanto as brincadeiras e brinquedos precisam ser utilizados de outra forma, ou trocados. Aproximadamente aos 6 meses, os bebês começam a sentar e ver o mundo sob outra perspectiva. Daí pra frente vão se arrastar, começar a engatinhar, ficar de pé e andar. Muitas vezes os pais querem comprar brinquedos caros, mas com materiais simples e do cotidiano e com a criatividade ativada, podemos criar ou reutilizar os objetos caseiros para diversas brincadeiras. Todo o desenvolvimento motor está ligado às experiências sensoriais, e a diversidade de estímulos favorecerá que a criança não desenvolva aversão às texturas ou elementos molhados, pegajosos ou escorregadios. Vamos pensar em alguns materiais e brincadeiras?

Crédito fotográfico: Andre Fernandes - Imagem cedida pela Casa da Infância

1. Observar e " pegar" sombras - usando uma lanterna acesa, com a luz ambiente apagada, é possível fazer diversos formatos com as mãos ou recortes para a criança observar, envolvendo uma história ou para que ela tente “pegar”. A depender da idade, a própria criança pode criar a história, manipular a lanterna, ligar e desligar, manipular os recortes...

2. Carrinho de toalha - posicionando a criança em uma toalha larga em uma das metades, o cuidador segurando a outra ponta, vai puxando e deslizando com a criança em cima. Quando existe um irmão ou amigo junto, um pode puxar o outro.

3. Usando o corpo para pintar - utilizando papel e tinta (se a criança for pequena, dê preferência pela tinta comestível) permitir que a criança utilize os dedos, mãos e pés para pintar. Essa brincadeira rende muita sujeira, mas também diversas fotos divertidas para guardar.

Crédito fotográfico: Andre Fernandes - Imagem cedida pela Casa da Infância

4. Escondido na areia - colocamos uma bacia ou caixa com areia, com diversos objetos escondidos, para que a criança encontre. Para crianças maiores, podemos solicitar que separem o que encontraram por tamanho ou cor.

5. Brincando com espuma - utilizando a espuma de barbear, permitimos que a criança brinque no espelho, ou numa mesa. Podemos sugerir que cubra toda superficie, ou que tire a espuma do espelho para encontrar a imagem.

6. Caixa surpresa - numa caixa de papelão, cortamos um furo que possibilite passar uma mão, e colocamos alguns objetos dentro, cubos, bolas, pedaços de tecidos, folhas secas. A criança coloca a mão na caixa, sem saber o que vai tocar.

Crédito fotográfico: Andre Fernandes - Imagem cedida pela Casa da Infância

7. Chocalhos de sementes - utilizando garrafas plásticas, colocamos 1 tipo de semente em cada uma e fechamos com fica adesiva ao redor da tampa, para que a criança não retire. Cada semente fará um som diferente para ser experimentado pela criança. Também é possível pintar as garrafas com diversas cores.

8. Experimentando temperaturas - colocar em bacias ou vasilhames: água natural, morna, gelada e gelo, e permitir que a criança brinque e experimente.

Outros elementos que podem ser utilizados com diversas finalidades: bolinha de sabão, bola de assoprar, gel para pentear, massa de modelar, elementos da natureza (folhas, flores), caixas de diversos tamanhos, vasilhas plásticas, objetos de cozinha (colher de pau, colher de metal, panelas). É só soltar a imaginação, deixar de lado a preocupação com a sujeira, e curtir o momento com a criança. Tenha certeza que ela irá lhe surpreender com diferentes formas de brincar e explorar cada atividade proposta.

Até o próximo texto.

Caroline Burgos

caroline@amama.com.br

*Agradecemos a Casa da Infância pelas lindas imagens que ilustram nosso texto.


 
 
 
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