Desde a descoberta da gravidez, as famílias começam a imaginar e planejar como será o seu bebê, com quem se parecerá, como será seu desenvolvimento, quando vai engatinhar, andar, falar... A cada ano, com o avanço da tecnologia, o uso dos aplicativos, redes sociais e grupos virtuais mais informações são difundidas, atualizadas e compartilhadas. Muitas delas, com embasamento científico e abordagem adequada são bastante úteis aos pais e familiares, e ajudam a decifrar essa fase tão difícil de desenvolvimento infantil. Porém, infelizmente, em muitos casos, essas informações, associada às comparações com outros bebês, levam as famílias a uma situação de ansiedade enorme, e consequentemente a uma vontade de acelerar o desenvolvimento dos bebês.

O bebe irá se desenvolver de forma perfeita e harmônica desde que possamos respeitar o seu tempo e facilitar as suas experiências. Como podemos fazer isso?
Adaptação: quando o bebê ainda está no útero, a presença do líquido amniótico irá propiciar um ambiente escuro, quente e com sons abafados. À medida que ele cresce, as paredes uterinas fornecem estímulo tátil, proprioceptivo e favorecem a adequação do tônus. Sempre que observamos um bebê nascido à termo, vemos como ele tende a ficar bem flexionado, e quando tentamos estender seus braços e pernas, eles tendem a recolher os membros para a posição de flexão.

Durante os primeiros 15 dias de vida, ou mais, o bebê está se adaptando ao mundo extrauterino. É um ser reflexo. Se assustam, choram, dormem bastante, sugam, e sua movimentação ocorre de forma mais voltada para a sobrevivência: levantam ou movem a cabeça para facilitar a respiração e buscam a mama ou qualquer coisa que toque próximo à sua boca atrás do alimento.
Nessa fase, tudo que precisam é de colo, aconchego, e de uma família tranquila, que vá tentando entender quais as necessidades dele. Separamos algumas dicas para esse primeiro mês do bebê:
Adoram ser embalados e balançados, afinal, durante os 9 meses de gestação fizeram isso diariamente enquanto sua mãe fazia suas atividades.
A água é uma ótima forma de facilitar essa adaptação, desde que quentinha, num ambiente tranquilo, e que o bebê esteja numa posição que lembre a que ele ficava no útero – por isso, muitos bebês adoram o banho de balde, e a maioria chora quando é colocado com a barriga para cima durante o banho de banheira, afinal, é difícil ficar encolhidinho com a gravidade tentando esticar seus braços e pernas.
Ficar encolhido e apertado, por mais que parece desconfortável aos nossos olhos, é maravilhoso para eles. O uso dos slings (carregadores de pano), charutinho ou “ninho” facilita o encontro de barreiras, como havia no útero, permitindo movimentos mais contidos, organizados, e evitando o reflexo de “susto”.
O toque firme e mantido, como uma “contenção” também é um ótimo calmante... bebês recém nascidos detestam ser acariciados, pois esse é um estímulo novo para eles, que não existia no útero. Por isso cosquinhas ou toques leves são úteis para despertá-los, mantê-los alerta e sugando durante a amamentação, mas não são bons para acalmá-los.
A massagem (Shantala) também é bastante interessante. Facilita a regulação do sono e o ritmo intestinal, favorece a vinculação com os pais e tranquiliza o bebê, porém esses benefícios só são percebidos quando usamos a velocidade e pressão adequadas. Toque suave não é bem recebido, nem movimentos com velocidade rápida. Qual adulto gosta de ser massageado de forma acelerada? O ideal é curtir o momento de massagear o bebê, respeitando a tolerância dele, e fazendo tudo bem devagarzinho.
Cantar e conversar: o bebê escutou a voz dos pais e familiares mais próximos durante toda a gestação. Após o nascimento podem se acalmar e começar a prestar atenção quando uma voz conhecida conversa ou canta para ele.
Além de escutarem os sons, podem prestar atenção aos movimentos que ocorrem no rosto de quem está interagindo com ele, desde que estejam a cerca de 30 cm do cuidador. A visão do bebê é pouco nítida no início, sendo facilitada quando o rosto ou brinquedo apresentado está na distância citada. Também enxergam melhor os tons de contraste como preto e branco, e prestam atenção, principalmente, aos olhos e boca de quem conversa com ele, e a mama e aréola da mãe.
Amamentar. A amamentação fornece estímulo visual, tátil, emocional, alimenta, acalenta... além desses benefícios, os componentes do leite materno facilitam o processo de mielinização e amadurecimento do cérebro do bebê, favorecendo o desenvolvimento motor, sensorial e psíquico dele.
A natureza é perfeita e tudo que o bebê precisa está bem ao alcance dele e dos pais. O choro do bebê é a sua forma de se comunicar, de demonstrar dor, incômodo, susto, fome, fralda suja, sono... Tentar manter a tranquilidade neste período é essencial para a nova família, que aos poucos vai entendo e decifrando o motivo de cada choro. Muitas vezes é necessária a ajuda de um familiar, uma doula, amiga, cursos ou consultora de amamentação, para facilitar essa adaptação, e não há nada de errado nisso. A rede de apoio é essencial neste período de puerpério, mas é preciso cuidado com as opiniões divergentes que podem surgir, para que não gerem desconforto ou insegurança para os recém pais. Por mais difícil que pareça, é somente uma fase, complicada para os pais e também para o bebê, que logo passará. Então, aproveitem para curtir o bebê, suas expressões, cheirinho, fornecendo muito colo, amor, tranquilidade e segurança para o novo integrante da família.

Caroline Burgos
caroline@amama.com.br